Tatuagens - Só porque sim
No outro dia, em conversas trocadas aqui pela blogosfera, apercebi-me que ainda existem alguns preconceitos e alguma discriminação em torno das pessoas que - por uma razão ou outra - têm tatuagens e gostam de tatuagens, como se o facto destas pessoas gostarem de usar o seu corpo como uma tela as transformasse nalgum tipo de ser malfeitor de agenda dúbia e intenções pouco claras.
O meu marido - como bom finlandês que é - tem tatuagens e eu também, querem ver:
por isso além de nunca ter ligado um boi (ou sequer pensado sobre isso até recentemente) sobre o que é que os outros achavam ou deixavam de achar (já que esse é um problema deles e não meu), também não acho que a minha inteligência ou a minha matriz psicológica tenham ficado seriamente comprometidas com a aptência pessoal para fazer bonecos onde muito bem entendo.
Pessoalmente, gosto de símbolos, gosto de runas e gosto de sigílos e são esses que gosto de tatuar porque para mim significam a minha relação com o invísivel. Outros há que gostam de ter autênticas obras de arte no corpo e então? Também há criaturas que nunca saiem de casa sem maquiagem e no entanto quando olhamos para elas (para essas criaturas), qual palhaço no circo! Até têm o risquinho da base mal espalhada à volta da cara. Vou criticá-las só porque tiveram o azar de cair num pote de tinta logo pela fresca? Claro que não. Cada um cai onde quiser e ninguém tem nada a ver com isso. O importante é que estejam felizes.
Além do mais sou da firme convicção que quem passa demasiado tempo à procura dos defeitos dos outros, também passa muito pouco tempo a olhar para os seus próprios defeitos, sendo que quem diz defeitos também diz qualidades. O exercício é exactamente o mesmo e os efeitos, embora diferentes, são ambos maus.
Felizmente, aqui no tasco onde trabalho, ninguém liga ao facto das pessoas terem tatuagens ou não, sendo
que a grande maioria - de nós - é tatuada (e não, não trabalho num atliêr de tatuagens). Talvez por isso nunca tivéssemos passado pelo constrangimento dos olhares reprovadores dos empregadores e não nos tivéssemos sequer preocupado em pensar sobre o assunto. Por outro lado, a natureza do nosso trabalho obriga-nos a viajar com alguma frequência e a ter reuniões no estrangeiro, logo também é fácil de nos apercebermos que muitos dos nossos colegas estrangeiros também são tatuados e não são, nem menos inteligentes nem más pessoas por causa disso.
Por isso, querem fazer tatuagens, façam. Não querem fazer tatuagens, não façam. Agora, não deixem que sejam os outros a decidir o que é que vocês devem ou não devem fazer, devem ou não devem ser porque essa decisão não é da esfera de competência deles (excepto se forem menores... se forem menores não têm grande remédio senão esperar por melhores dias). O único conselho que costumo dar às pessoas que ainda não decidiram se querem ou não fazer uma tatuagem é; pensem bem no assunto e no que é que querem fazer porque depois essa cena para sair é mais complicado.