No outro dia...
Em conversa perguntaram-me se eu nunca tinha pensado em escrever. Respondi que sim e que era uma atividade que pratico com tanta frequência quanto a inspiração o permite. Mas, a pergunta era manhosa pois incluia a parte de escrever e publicar livros. Sorri e acrescentei que já tinha pensado nisso por altura dos meus dezasseis anos, inclusive havia falado com escritores (adorava ouvi-los falar) a propósito da coisa e achei que era algo que adoraria fazer a tempo inteiro.
De seguida a questão que se colocou foi "então porque não publicas"?
Respondi com outra pergunta (de vez em quando tenho o péssimo hábito de fazer isso). "Porque razão haveria eu de o fazer"?
Vivemos numa época em que todos podem ser "escritores", podem produzir livros a metro com centenas de páginas cheias de nada. Vivemos numa sociedade em que qualquer um, com meia dúzia de tostões, pode contratar um "ghost-writer" que lhe produza um livro à medida, recheado de palavras-chave relacionadas com as tendências da atualidade e que lhe assegure um bom rendimento extra sem, na realidade, saber escrever o que quer que seja. Os meus textos, os meus contos, as minhas histórias, bons ou maus é irrelevante mas, são o meu mundo. São o meu tesouro. Porque razão haveria eu de querer partilhar o meu tesouro com pessoas assim? Não. Não tenho qualquer interesse em partilhar o meu tesouro.