Dos Paradoxos
Caso ainda não tenham dado conta, outro dos meus grandes afetos é a arte da fotografia, no entanto devo confessar que não tenho jeito absolutamente nenhum para a coisa. Sou, na verdade, um verdadeiro cepo neste domínio e não importa se uso um telemóvel ou se uso uma câmara fotográfica porque a minha falta de talento e competência nesta área é gritante.
Todavia, isso não quer dizer que não aprecie e/ou não reconheça o talento dos outros. Há imensos artistas fotográficos espalhados por esse mundo fora e ainda bem que assim é, pois o mundo registado pelos olhos de um fotografo é sempre diferente do mundo registado pelos olhos do mais comum dos mortais. Não é que o mais comum dos mortais não consiga registar o mundo tal como o vê, claro que consegue e vale o que vale, mas presumo que os fotografos tenham uma sensibilidade diferente para apanhar os detalhes que muitas vezes nos escapam como, por exemplo, o detalhe retratado nesta fotografia cujo autor desconheço.
Assim de repente, esta é apenas mais uma fotografia entre tantas outras mas, para mim, retrata com uma simplicidade exemplar um paradoxo lindíssimo. Reflecte um contraste brilhante entre a tristeza espelhada no rosto de uma criança e a mensagem da camisola que ela veste. Aos meus olhos, é nesta fantástica dissonância entre a realidade do que efectivamente é e a mentira do que se anuncia que eu encontro uma beleza extraordinária.